Uma análise do segundo relato da criação no Gênesis- GN 2,4-25 (III)

16 Deu-lhe este preceito: "Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim;



17 mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente."


Nestes dois versículos, Deus estabelece ao homem a regra da relação. Não se deve estender as mãos para a árvore da norma, posto que Deus se faz lei. Atentar contra a lei de Deus é atentar contra a fonte da própria vida. Assim fica estabelecida relação vertical do ser humano, ou seja, sua relação com Deus.



18 O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada."



Deus percebe que o home necessita de outros semelhantes a ele. Não é bom que o homem fique só sobre a face da terra. O ser humano necessita de ser reconhecido por outro igual e diferente. É necessária a existência da comunidade.



19 Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e todas as aves dos céus, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e todo o nome que o homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome.


20 O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves dos céus e a todos os animais dos campos; mas não se achava para ele uma ajuda que lhe fosse adequada.



Nestes versículos, Deus cria os animais e chama o homem para nomeá-los. Na mentalidade da época em que este livro foi escrito, dominar o nome do objeto ou sujeito, significava ter poder sobre ele. Assim sendo, Deus deu ao homem poder sobre todos os animais. Mas como deve ser exercido este poder? Deve ser exercido em comparação com o poder de Deus. O homem deve estabelecer uma relação de amor com a natureza, assim como Deus estabeleceu uma relação de amor com a humanidade. Não é par ao homem escravizar a natureza, nem os animais. A ação humana deve ser semelhante à ação divina visto que somos imagem e semelhança de Deus.


Por Fábio Cristiano